Gagueira na Infância
GAGUEIRA INFANTIL
Frequentemente as crianças apresentam alguma forma de gagueira. Isso porque 5% das crianças apresentam disfluências temporárias, sendo que 80% delas irão superar estas disfluências espontaneamente e apenas 1% da população seguirá gaguejando cronicamente.
Entretanto, nem sempre é fácil diferenciar quando a criança conseguirá superar a gagueira ou não. Portanto, a intervenção precoce é sempre o melhor caminho!
A gagueira geralmente surge entre os 2 e 4 anos de idade (quando aumenta a complexidade do discurso e da linguagem), mas pode aparecer mais tarde, sendo mais raros casos em que os primeiros sintomas começam após os 9 anos de idade. Quanto mais cedo aparecerem os 1os sintomas, maiores as chances de que seja uma gagueira transitória.
O QUE É GAGUEIRA?
Ao contrário do que se pensa, as disfluências não tem origem psicológica. Trata-se de uma dificuldade neuroquímica pré-motora, em que a pessoa sabe exatamente o que deseja falar, mas o cérebro tem dificuldade para liberar a movimentação motora do próximo som a ser falado.
Por isso a criança pode ficar repetindo uma palavra (é, é, é...), uma sílaba (por-por-porque), ou parte da sílaba (s-s-s-sapato), até que o movimento do próximo som seja liberado. Às vezes o som fica preso sem que a criança consiga emiti-lo (bloqueios), ou ainda o som fica alongado ou esticado (prolongamento – f.....ui).
QUANDO PROCURAR UM ESPECIALISTA?
O profissional indicado para avaliar e tratar a fluência da fala é o fonoaudiólogo. É importante procurar um profissional especializado em fluência e seus distúrbios, uma vez que dentro da fonoaudiologia existem especializações diferenciadas.
Para orientar as famílias costumamos olhar dois aspectos importantes: (1) tempo de surgimento dos primeiros sintomas e (2) outros sintomas associados à gagueira.
1. Quanto ao tempo de surgimento da gagueira, o ideal é procurar um fonoaudiólogo especializado em fluência caso a gagueira persista por mais de 6 meses. Alguns especialistas sugerem um prazo menor, de 3 a 4 semanas. Em casos em que os sintomas são intermitentes (passam depois de algumas semanas ou meses, mas voltam a aparecer) também é ideal procurar orientação. Desta forma, tentamos evitar que a fala gaguejada torne-se crônica.
2. Muitas vezes a gagueira vem acompanhada por força ou esforço para que a fala saia; movimentos dos membros junto à fala gaguejada, como levar as mãos à boca ou bater os pés; piscar os olhos, realizar movimentos/mímicas faciais. Estes são sinais de que a criança pode estar precisando de ajuda para superar este momento, mesmo que a criança tenha pouca idade e os sintomas tenham surgido há apenas algumas semanas.
Em uma terapia fonoaudiológica, conseguimos aproveitar a capacidade que o cérebro tem de reaprender ou de aprender novas formas de executar uma mesma tarefa.
Mas, na verdade, nem sempre existe a necessidade da terapia. Muitas vezes uma orientação adequada é crucial para que a criança e sua família superem juntos esse momento de dificuldade comunicativa.
COMO AJUDAR A CRIANÇA QUE GAGUEJA
É importante conversar com a criança sobre sua dificuldade. Pesquisas mostram que desde muito novas elas conseguem perceber que às vezes as palavras “enroscam”, “ficam presas” ou repetindo. Então pergunte a ela se está difícil falar, diga que você percebe, que está ali para ajudar e que juntos vão conseguir.
Ouça sem pressa, preste mais atenção ao conteúdo do que a forma.
Evite pedir que ela tenha calma, respire ou relaxe. Não é aí que reside sua dificuldade.
Tente não completar palavras ou frases, mesmo que você já saiba o que ele vai dizer. Isso implica em sua auto-estima.
Evite bombardear a criança com perguntas. Deixa-a falar mais livremente.
Em grupos maiores, evite exigir que seu filho conte o que fez, o que viu, onde foi, com quem.... Novamente: deixe-o falar mais livremente.
Utilize frases curtas e simples (Atenção, isso não quer dizer fala infantilizada e sim simples). Substitua por exemplo: “Vem aqui na sala que a mamãe está te esperando pra jantar, a comida tá esfriando...” por “Filho, vem jantar. Estou esperando”.
Diminua ao máximo sua velocidade de fala, tentando manter a naturalidade da fala.
Tente, na medida do possível, diminuir a quantidade de atividades num mesmo dia. É muito difícil manter uma fala lenta em um cotidiano muito agitado e apressado.
Estes vídeos podem ajudar a esclarecer dúvidas:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=U9h4wVUrRwg
http://www.youtube.com/watch?v=ZPAc-4TiFzw&lr=1
Recomendo também os sites:
http://www.gagueiraonline.com.br/blog/
Texto escrito pela fonoaudióloga:
Mirela Pollini Caputo
Fonoaudióloga – CRFa 12702/SP
3853-6667 / 8196-3329