Homeopatia não é melhor que placebo
Homeopatia não é melhor que placebo, diz revista médica.
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Citando estudo, The Lancet afirma que é hora de reconhecer "falta de benefícios" deste tipo de tratamento.
(Baseado no artigo da revista The Lancet, publicado em 25 de agosto de 2005 - The Lancet 2005; 366:726-732 – www.thelancet.com) -
Londres - A revista médica britânica The Lancet fez uma dura crítica à homeopatia ao assegurar que é hora de reconhecer a "falta de benefícios" deste tipo de medicina.
Em seu editorial desta semana, a publicação, de referência na área médica, destaca que a homeopatia não é melhor que os placebos, como revela, segundo afirma, um estudo realizado por um grupo de cientistas.
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Substância ou preparado inativo, outrora receitado para comprazer ao doente, agora também usado em estudos controlados para determinar a eficácia de substâncias medicinais. O placebo não contém quaisquer substâncias ativas, sendo feito normalmente de farinha, açúcar ou água pura com algum aroma.
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As conclusões de um estudo suíço-britânico, que submeteu vários pacientes a 110 tratamentos homeopáticos e de placebo, demonstram que a primeira técnica não é mais eficaz que a segunda, conforme a revista.
Os indivíduos, que também se submeteram a tratamentos médicos convencionais, tinham asma, alergias e problemas musculares.
"Atenção personalizada"
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Apesar de algumas pessoas se sentirem melhor após o tratamento homeopático, "isto não tem nada a ver com o que contêm" seus remédios, segundo o professor Matthias Egger, da Universidade de Berna, na Suíça.
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Se esta técnica parece funcionar é devido à forma como se dá o tratamento, já que o homeopata costuma oferecer uma atenção personalizada ao paciente, segundo Egger.
Em seu editorial, a revista assegura que os médicos devem ser "corajosos e honestos sobre a falta de benefícios" deste tipo de medicina.
Resultados e popularidade
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A comunidade médica sempre se mostrou dividida quanto aos efeitos benéficos da homeopatia. O método foi criado no fim do século 18 pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843).
Neste tipo de terapia, as doenças são curadas com remédios que causam os mesmos sintomas, mas que são administrados em doses infinitesimais, em pequenos glóbulos açucarados ou em gotas.
Com o título “O fim da homeopatia”, o editorial da revista diz que o mais surpreendente não são os resultados do estudo, mas que o debate continue após “150 anos de resultados desfavoráveis” à homeopatia.
Para a revista, é curioso que “quanto mais diluídas se tornam as evidências da homeopatia, aparentemente maior é a sua popularidade.”
Pressão
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Os editores da revista lembram que, apesar de por muito tempo ter havido uma complacência com o método homeopático, o cenário tem mudado recentemente.
Em 2000, o Comitê Parlamentar em Ciência e Tecnologia do Reino Unido emitiu um relatório ressaltando que “qualquer terapia que afirme ser capaz de tratar de condições específicas deve mostrar evidência de que isso será feito acima e além do efeito placebo”.
O governo suíço foi além. Após a divulgação de um estudo clínico de cinco anos, decidiu retirar a cobertura dos tratamentos homeopáticos do sistema de saúde nacional.
Relatório da OMS
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Em reportagem, The Lancet ataca um recente relatório preliminar publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), feito pelo mesmo grupo que avaliou a acupuntura em 2003, em outra análise controversa.
O relatório da OMS sobre homeopatia afirma que o método terapêutico se mostrou superior ao placebo em experimentos controlados e “equivalente à medicina convencional no tratamento de doenças, tanto em homens quanto em animais”.
Os críticos não pouparam palavras. “O relatório é baseado em dados positivos e esquece os negativos encontrados em outros estudos”, disse Edzard Ernst, da Escola Médica Península, do Reino Unido. “A OMS não deveria promover a homeopatia, da mesma forma que o fez com a acupuntura.”
A OMS se defende ao afirmar que o relatório, além de preliminar, tem o objetivo de estimular mais pesquisas sobre o assunto. “Nossa proposta é melhorar as abordagens das pesquisas e levar a estudos clínicos mais apropriados”, disse Xiaorui Zhang, que coordenou a análise da OMS